Shawn Layden: "Consoles estão com os dias contados"

Shawn Layden: "Consoles estão com os dias contados"

Em entrevista ao Eurogamer, Shawn Layden, CEO do PlayStation, compartilhou sua visão sobre o futuro da indústria de games e, de forma surpreendente, afirmou que os consoles estão próximos do fim. Para Layden, as próximas gerações podem ver os dispositivos proprietários se tornarem irrelevantes, com a competição se deslocando do hardware para o conteúdo.

O futuro dos consoles: estagnação ou transformação?

Layden destacou que, ao longo das gerações, o salto tecnológico entre consoles tem diminuído. Enquanto a transição do PS1 para o PS2 trouxe avanços revolucionários, como gráficos mais realistas, ele acredita que o progresso atual é mais incremental. "Estamos atingindo o pico do que um console pode oferecer", afirmou, observando que os consoles modernos compartilham chips semelhantes, produzidos pela AMD, com diferenças limitadas aos sistemas operacionais e detalhes específicos de cada empresa.

Segundo ele, a indústria já está direcionada a um ponto onde os consoles podem perder relevância. “Se não na próxima geração, certamente na seguinte”, concluiu.

O desafio do conteúdo e a competição com novas mídias

Layden argumentou que o futuro da indústria de games dependerá mais do conteúdo do que do hardware. Citando a ascensão de plataformas como TikTok e as distrações que competem pela atenção dos jovens, ele destacou que o verdadeiro desafio não é vencer Xbox ou Nintendo, mas atrair e manter a atenção dos jogadores em um mercado saturado.

“Estamos perdendo a próxima geração para o TikTok”, declarou, enfatizando que o público jovem está cada vez mais disperso entre múltiplas opções de entretenimento.

Custos elevados e sustentabilidade do mercado AAA

Outro ponto crítico levantado por Layden foi o aumento exponencial nos custos de desenvolvimento de jogos. Ele mencionou que os títulos para PS5 podem ultrapassar US$ 300 milhões, um valor que considera insustentável. Além disso, Layden questionou a duração excessiva de alguns jogos modernos. "Eu nem abri Red Dead Redemption 2, porque não tenho 90 horas para isso", confessou.

Segundo ele, o tempo disponível para os jogadores está diminuindo à medida que o público envelhece, tornando inviável continuar criando experiências excessivamente longas e caras.

Indies como inovação e o futuro da criatividade

Layden também destacou que a inovação nos games vem principalmente dos jogos independentes, enquanto os títulos AAA enfrentam uma pressão financeira que reduz a tolerância ao risco. "Você precisa correr riscos para inovar, mas as grandes produções estão cada vez mais focadas em seguir fórmulas seguras", afirmou, citando a repetição de ideias e franquias como um reflexo das demandas dos investidores.

Impactos da pandemia e a mudança na percepção do mercado

Durante a pandemia, o aumento nos gastos com jogos deu a impressão de que o mercado estava em crescimento acelerado. No entanto, Layden alerta que, em condições normais, a indústria precisa competir com várias outras formas de entretenimento. "Jogos são a maior coisa do mundo quando você está trancado em casa, mas em um cenário normal, enfrentamos muitas distrações", explicou.

Com suas declarações, Layden traz uma visão provocativa sobre o futuro dos games, apontando que a indústria precisa se reinventar tanto nos modelos de negócio quanto na maneira de atrair e engajar o público.

Fonte: Eurogamer