John Carmack defende versão de Quake gerada por IA em polêmica sobre o futuro dos games

O lendário desenvolvedor John Carmack, um dos criadores originais de Quake, saiu em defesa da Microsoft após a demonstração controversa de uma versão do clássico FPS inteiramente gerada por IA. A apresentação, que utilizou o sistema Muse da empresa, gerou reações acaloradas na comunidade de desenvolvimento, com críticos acusando a tecnologia de desvalorizar o trabalho humano na criação de jogos.
A defesa de Carmack
Em postagem no X (antigo Twitter), Carmack classificou o projeto como "um trabalho de pesquisa impressionante", rebatendo as críticas de que a IA estaria "roubando" o trabalho de desenvolvedores:
"A Microsoft é dona da id Software e, portanto, do Quake 2. Todos que trabalharam nele foram pagos", destacou. O programador, conhecido por seu pragmatismo, comparou a evolução das ferramentas de IA a outras revoluções tecnológicas:
"Meus primeiros jogos envolviam montar manualmente códigos de máquina e transformar caracteres de papel quadriculado em dígitos hexadecimais. O progresso do software tornou esse trabalho tão irrelevante quanto a manutenção da roda da carruagem."
IA como ferramenta, não substituição
Carmack argumenta que a IA não eliminará o desenvolvimento tradicional, mas democratizará a criação:
"As ferramentas de IA permitirão que os melhores alcancem patamares ainda maiores, ao mesmo tempo em que possibilitarão que equipes menores realizem mais. Sim, chegaremos a um mundo onde você poderá criar um jogo a partir de um prompt, mas ainda haverá exemplos muito melhores feitos por equipes dedicadas."
Sobre o impacto no mercado de trabalho, ele admite incertezas, mas rejeita o alarmismo: "Tentar barrar a IA é como proibir ferramentas elétricas porque 'roubam empregos'. Poderá seguir o caminho da agricultura [com menos mão de obra], ou da mídia social [com mais oportunidades criativas]."
O debate por trás da polêmica
A demonstração da Microsoft reacendeu discussões sobre:
- Propriedade intelectual: Como empresas devem usar IPs antigos para treinar IAs?
- Futuro do desenvolvimento: Ferramentas como Muse podem reduzir custos, mas também ameaçam nichos especializados.
- Qualidade artística: Carmack acredita que jogos "premium" ainda exigirão equipes humanas, enquanto a IA popularizará a criação casual.
Próximos passos
A Microsoft não anunciou planos comerciais para o Quake gerado por IA, mas o caso serve como termômetro para resistências e possibilidades da tecnologia na indústria. Enquanto isso, Carmack segue otimista: "O mundo será muito mais rico em termos de conteúdo disponível."
Fonte: Declarações de John Carmack no X