Ex-produtor de Call of Duty critica Activision e elogia Larian: “Foquem na qualidade, não no lucro”

Mesmo sendo uma das franquias mais vendidas anualmente, Call of Duty frequentemente é alvo de críticas — e, desta vez, as observações vieram de alguém que conhece o projeto por dentro. Mark Rubin, ex-produtor executivo da Infinity Ward e mais recentemente ligado ao desenvolvimento de xDefiant pela Ubisoft, usou as redes sociais para criticar diretamente os rumos adotados pela Activision, especialmente no que diz respeito à priorização de lucros sobre a qualidade do jogo.
Segundo Rubin, o foco excessivo da empresa em estratégias como o FOMO (medo de perder algo) e o EOMM (matchmaking otimizado para engajamento) prejudica a experiência dos jogadores. Em sua fala, ele relembra como a indústria costumava se preocupar mais com o valor da experiência e menos com monetização agressiva:
“Muitos jogos, incluindo Call of Duty, focam apenas em como lucrar o máximo possível com a base de jogadores. Eles dependem muito do marketing FOMO e das partidas EOMM. Mas eu sinto que costumava ser mais sobre a qualidade do jogo, o que levaria os jogadores a jogar.”
Rubin também fez uma comparação direta entre a Activision e a Larian Studios, desenvolvedora de Baldur’s Gate 3, destacando que o sucesso do estúdio belga veio justamente por oferecer um jogo completo, com atualizações gratuitas e foco na satisfação dos jogadores. “Sejam mais como a Larian, menos como a Activision”, resumiu o desenvolvedor.
Apesar da crítica, ele deixou claro que ainda há pessoas talentosas trabalhando na Activision, mas lamentou a transformação da empresa em algo que, segundo ele, dificilmente voltará ao seu antigo espírito criativo.
Após suas declarações, Rubin também foi alvo de acusações de hipocrisia, já que xDefiant — jogo no qual trabalhou — também utiliza elementos de FOMO. Ele rebateu os comentários, explicando que seu jogo é gratuito e permite que os jogadores ganhem a moeda premium apenas jogando, além de não contar com um marketing bilionário como o de grandes franquias da indústria.
Para contextualizar, Rubin criticou o uso de duas táticas bastante comuns em jogos como serviço:
FOMO (Fear of Missing Out): Estratégia que cria um sentimento de urgência no jogador por recompensas limitadas ou eventos temporários, fazendo com que ele se sinta compelido a jogar para “não ficar de fora”.
EOMM (Engagement Optimized Matchmaking): Sistema de pareamento que busca maximizar o tempo de permanência do jogador no jogo. Em vez de equilibrar partidas por nível de habilidade, o EOMM manipula as partidas para manter o jogador engajado, por vezes dando vitórias fáceis para incentivá-lo a continuar jogando.
As críticas de Rubin ecoam um sentimento crescente entre jogadores e parte da indústria, que clamam por experiências mais autênticas e menos centradas em práticas comerciais agressivas.
Fonte: Mp1st