Electronic Arts é apontada como responsável pelo fracasso de Dragon Age: The Veilguard, revela Bloomberg

O lançamento de Dragon Age: The Veilguard, em outubro de 2024, marcou um dos momentos mais controversos da história da BioWare. Inicialmente visto como uma chance de revitalizar a franquia, o jogo acabou se tornando um exemplo clássico de como decisões corporativas podem comprometer um projeto ambicioso. Segundo uma reportagem da Bloomberg, publicada nesta quarta-feira (11), a principal culpada pelo fracasso foi a própria Electronic Arts, que interferiu de forma decisiva — e negativa — em diversas fases do desenvolvimento.
De acordo com o jornalista Jason Schreier, a EA alterou a direção do jogo repetidamente e não ofereceu tempo nem recursos suficientes para que a BioWare pudesse cumprir sua visão criativa. O resultado foi um título criticado por seu tom mais leve, pela ausência de escolhas significativas e por mecânicas de gameplay derivadas, que se afastaram da proposta original da franquia.
Desenvolvimento conturbado e constantes mudanças de foco
O jogo foi concebido inicialmente como uma experiência single player mais contida do que Inquisition. No entanto, em 2017, a EA determinou que o projeto fosse convertido em um jogo live service, o que levou o então diretor criativo Mike Laidlaw a deixar o estúdio. Mesmo com o fracasso de Anthem, a ideia persistiu até 2020, quando novas mudanças na liderança da BioWare causaram outra reviravolta.
Naquele ano, o jogo voltou a ser single player, mas a EA impôs um prazo apertado: um ano e meio para finalização. Assim, diversas mecânicas herdadas do modelo como serviço foram mantidas. É o caso da estrutura que dificulta a criação de consequências duradouras, como a morte de personagens, algo que prejudica a profundidade narrativa pela qual a série era conhecida.
Ambiente tóxico e falta de apoio interno
A reportagem também destaca o ambiente de trabalho desgastado dentro da BioWare. Em 2023, a EA deslocou desenvolvedores do novo Mass Effect para ajudar com Veilguard, mas os pedidos do time original eram frequentemente ignorados, enquanto os recém-chegados recebiam privilégios. Isso aumentou a tensão entre as equipes e criou um ambiente pouco colaborativo, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg.
A relação fria da EA com a franquia Dragon Age também ficou evidente. Mesmo após o lançamento, a empresa revelou que o jogo não atingiu nem 50% das expectativas comerciais, o que resultou em demissões em massa dentro do estúdio. Em maio deste ano, a sede da BioWare em Edmonton foi rebatizada, refletindo seu novo papel como suporte para múltiplos projetos da publisher.
BioWare vive momento decisivo sob a EA
Apesar de alguns desenvolvedores terem se declarado orgulhosos do resultado, muitos sabiam que o jogo estava longe de seu potencial. Para analistas como Doug Creutz, do TD Corwen, a BioWare nunca foi responsável por lucros expressivos dentro da EA. Ainda assim, a publisher mantém o estúdio ativo por ajudar a diversificar seu portfólio, que hoje é dominado por franquias como EA Sports FC e Madden.
Contudo, com mais de uma década sem um sucesso marcante, o futuro da BioWare é incerto. Caso a empresa não consiga entregar resultados com o próximo Mass Effect, o risco de encerramento definitivo pode deixar de ser apenas uma especulação.
Fonte: Bloomberg